quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Méri Craistmas

O Homem é um ser gregário. Pelo menos no Natal, já que no Ano Novo é um ser Gregório...


Serve este cliché sociológico para vos desejar um Bom Natal, em pareceria com o tio Belmiro e a Visa International, que, como já vem sendo hábito há alguns anos, patrocinam efusivamente o Natal dos Portugueses...


E, para aqueles que não têm Natal, porque têm uma religião qualquer que ela seja, desejo um bom "pretexto-seja-ele-qual-for-para-reunirem-a-família"... 
E, por muito complicada que seja a vossa a família, por muitas discussões que origine (ou não) o sítio onde se passa um jantar do ano, pensem naqueles que não a têm e sintam-se reconfortados por terem a sorte (e a saúde) para usufruir do carinho dos que vos são queridos...


(Porque a solidão, ao contrário do que muita gente pensa, não se pode tratar por si com comprimidos...)


terça-feira, 13 de outubro de 2009

Os prémios do CM

Confesso que, nos meus tempos livres, quando me quero rir um bocadinho e tenho a internet à mão, para além de alguns blogs que cá em casa se apelidam de "humorísticos", abro a página online do jornal Correio da Manhã.
De facto, o jornalismo que aí se faz é uma espécie de miscigenação entre o jornalismo nonsense do "The Onion" e o teatralismo quase neoclássico das peixeiras do Mercado do Bolhão.
E um dos segredos do sucesso desse jornalismo começa logo na escolha do que é notícia...
Só para dar um exemplo, quiçá por os costumes do país serem tão brandos que um simples projecto se toma por semelhante a um acto já consumado, as pessoas nem precisam de escrever no livro de reclamações para darem azo a uma notícia... Basta ponderarem fazê-lo...
Outro dos segredos é a forma exemplar como retratam as pessoas que, por algum acidente, quase sempre negligência da parte de alguém, se vão desta para melhor: basta uma fotografia do defunto/a empunhada sanguinariamente pelo ente querido, de preferência estando este último lavado em lágrimas... Assustadoramente genial!

Contudo, não é só o jornalismo histriónico que me diverte. São também os comentários...

Uma das características dos Portugueses é a forma intelectual, sempre conhecedora da melhor evidência científica, com que opinam, despudoradamente, sobre todo e qualquer assunto. Outra característica é a forma totalmente pedagógica, a roçar o detectivesco, como o fazem. Mesmo que nunca tenha visto a "cena do crime", os suspeitos nem as vítimas, fazendo corar de inveja qualquer Sherlock Holmes que se preze, o português sabe sempre quem são os culpados.

A saúde não é excepção à regra.

Na minha opinião, o CM tem uma lacuna grave. Ao invés do Serviço Nacional de Saúde, não premeia devidamente as pessoas que, com tanto esforço árduo e dedicação, emitem a sua posta de pescada. Impõe-se aqui, portanto, no cumprimento do dever cívico deste blog, dar prémios aos comentários do CM, pegando em exemplos tirados directamente da secção de saúde.

  • Prémio "a culpa é dos médicos"
"Venham-me com histórias. As pneumonias apanham-se devido à falta de cuidados dos médicos e enfermeiros nos hospitais." 
(sobre uma doente que morreu na sequência de uma pneumonia secundária a gripe A)

  • Prémio "A culpa é do governo, que quer que a malta quine para poupar nas pensões de reforma..." 
"pneumonia bilateral, bem nao existe vacina da pneumonia?se existe toca a vacinar o povo.ou o governo ker poupar dinheiro"
 (sobre a mesma doente)

  • Prémio "Não é nada disso! No Botswana é que é bom!"
"Vivo desde 2001 na República Dominicana, acompanho diáriamente através deste meio, a nossa desorientada coexistencia. Portugal teria muito que aprender com este povo, acreditem! Quando se vê, de longe, ainda é pior. É aterrador. Para quê, tanta lamentação, se basta ler a nossa história, para se entender, como chegámos a este estado de coisas... "
  •  Prémio "Hospitais Portugueses: a criar excêntricos aos 40 anos..."
"Todas as semanas morrem prematuramente em Portugal pessoas por neglicencia dos medicos, pois eles apenas estao interessados no salario nas mordomias aproveitam o horario de trabalho para estudar tratar da vidinha particular e os doentes que se lixem. Ja reparam que em Portugal é considerado uma vergonha um médico chegar aos 40 anos e não ser rico ter duas casas carros luxuosos barcos motos etc.."
  • Prémio "A culpa é da justiça"
"O problema é que nesta justiça não funciona,vão ter 80 anos e ainda andam atrás desse problema, eles sabem por isso estã"
  • Prémio "Instituto Nacional de Estatística"
"Todos nos morreremos mas em Potugal a possibilidade [nos hospitais] sobe ai uns 50%"
  • Prémio "Doutor Trolha"
"Trabalho num hospital e se as pessoas soubessem metade do que se passa, alguns médicos estavam nas obras a trabalhalhar."
  •   Prémio "A TAC até diagnostica unhas encravadas..." 
"Então e nem sequer lhe fizeram um tac???"
  • Prémio "Então e a TAC?..." 
"É lamentável que uma urg.Hosp só sirva para se esperar. Um ECG e 1s análises bastava. Pagamos para isso, não?? mvlx" 
  • Prémio "Pois, nós agora temos a TAC..."



"É de lamentar que com as tecnologias existentes nos tempos de hoje, se verifiquem situações como esta."

(Sobre o caso de uma criança com uma apendicite alegadamente não diagnosticada)


  • Prémio "Vai na volta tirei o curso de Don Juan e não sei..."
"Esses bandalhos em vez de cuidar dos doentes estão a pensar nas enfermeiras...."


  • Prémio "My name is Bond.... Dr. James Bond..."
"Os médicos têm licença para matar neste país"


  • Prémio "Eu é que sei, já diagnostiquei duas apendicites, três enfartes, cinco gripes A e um ataque de caspa, lá no escritório"
 "batem se todos q são medicos e etc, mas qd aparece qq coisa mais complicada de diagnosticar ninguem sabe nada."

  • Prémio "É a prática médica do escritório, estúpido!"
""prática médica geralmente aceite"? Qual é a práctica médica correcta? Os médicos em Portugal têm licença para matar..."

PS - As presentes citações são um copy-paste da página do Correio da Manhã... Qualquer erro ortográfico não é negligência do autor deste blog...

terça-feira, 22 de setembro de 2009

História de um cuidador...

António deixou de ter o Mundo que conhecia... há largos anos...

No início, era a apatia extrema, o desinteresse de Maria por tudo aquilo que a rodeava.
Depois, as perguntas repetidas, a presença de orificios de largura cada vez maior na rede que forma a memória, a perda dos nomes de objectos e palavras fora do uso comum (que tentava encapotar da melhor forma possível, por vezes com recurso a outras palavras igualmente elaboradas...).

António deixou de ter ordem na casa...

Gradualmente, Maria foi piorando: Os objectos fora do lugar, a incapacidade crescente para gerir o livre de cheques, o cartão multibanco esquecido numa caixa automática, o bilhete de identidade e os documentos da escritura da casa que foram parar ao caixote do lixo... E as confusões, cada vez mais...

António foi deixando de ter nome...
Maria perguntava-lhe onde estava o Marido, aquele rapaz altivo, bem-parecido e bem falante que lhe havia, a despeito das intenções do pai, roubado o sentimento. Paulatinamente, António passou a ser, de acordo com o momento, o sr. Engenheiro, o tio Lambuça, "o outro", ou, em certos momentos, negros como o cair da noite que, por saiba-se lá porque razão, teimava em os acompanhar, aquele que lhe queria "roubar o dinheiro", aquele que lhe queria fazer mal aos filhos, aquele que a queria matar. Quando assim era, Maria atirava-se a António com forças que só ela sabia onde ia buscar... E, sentindo-se ameaçada, gritava, esperneava, batia...

António quase deixou de ter amigos...
Os amigos do casal deixaram de ser tão assiduos lá em casa. Alguns vizinhos evitavam António na rua... valia-lhes a irmã de António, sempre disposta a ajudar...


António deixou de dormir tranquilo...

Quando dormia, três horas por noite, dormia em sobressalto, sempre com os nervos à flor da pele. Não fosse o diabo tecê-las, e Maria ver, nas sombras, um potencial agressor...
Maria passou a ter dificuldade gradual em se alimentar, em fazer a sua higiene pessoal... Depois, passou a não o conseguir fazer... Ao mesmo tempo, veio a incontinência, a necessidade de usar fralda durante a noite e, depois durante o dia... A necessidade de mover Maria de posição, de cuidar...

António deixou de conseguir cuidar como queria...
Depois da infecção urinária, acamou. De um momento para o outro, deixou completamente de falar... A decisão de colocar Maria numa casa de repouso foi para António a mais difícil de toda a sua vida. Contudo, sabia, no seu íntimo, que não tinha, humanamente, condições para cuidar da esposa durante as vinte e quatro horas do dia...

Apesar de ser das poucas pessoas com que se depara, António deixou de ter figura.
É, na maior parte das vezes, perpassado pelos olhar, outrora vivo, de Maria, como se algo de transparente se tratasse... contudo, talvez reminiscências da infância, os seus olhos ganham um pouco de vida, quando se aproxima um bolo de chocolate...

PS -Talvez seja necessário, além de nos lembrarmos do sofrimento dos doentes de Alzheimer, lembrarmo-nos do sofrimento dos cuidadores... e apoiá-los...

sábado, 8 de agosto de 2009

Façam o favor de ser felizes...

O tio Raul deixou-nos. Partiu. Esfumou-se. Está definitivamente falecido. Não é mais. Deixou de ser. Expirou e foi ter com o criador. É um ex-Solnado...

Fica para a história como um dos melhores (senão o melhor) humorista de sempre, em Portugal.

Espero não estar a cair num cliché, mas acho que a melhor homenagem que se lhe pode fazer é, por mais negra que a situação na nossa vida esteja, dar a volta ao texto...

"Façam o favor de ser felizes..."

E o que é que Raul Solnado tem a ver com psiquiatria? Aqui vai...

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quinta-feira, 4 de junho de 2009

Crónica dos bons psicomalandros (III) - Os sabujos

Hoje, vamos focar um tipo especial de psicomalandros.

Este tipo de psicomalandros não se encontra, normalmente, nas filas de espera para a consulta de psiquiatria.

Igualmente, também não é internado, a não ser em hoteis de cinco estrelas, ao abrigo de uma qualquer missão governamental...

Os sabujos - assim se chamam estes psicomalandros, são um milagre da biologia:


  1. Têm um faro especialmente apurado para situações que os coloquem em alhadas.

  2. Têm capacidade de persuasão - pensem no pior (leia-se, melhor) vendedor do círculo de leitores que vocês já viram. Agora, multipliquem-no por cem, e alarguem o objecto de venda para tudo à face da Terra...

  3. O desenvolvimento da musculatura das coxas - Nesta espécie de psicomalandros, a musculatura das coxas está extremamente desenvolvida, o que lhes permite livrar-se das alhadas e deixar para trás os seduzidos. O facto de, nos exemplares do sexo masculino, haver um tão grande desenvolvimento muscular face a uma baixa produção de testosterona permanece um mistério da ciência...

  4. Numa fase inicial do desenvolvimento, têm uma predilecção por ambientes amenos, que lhes aumentem, de forma confortável mas não excessiva, a temperatura nas suas regiões dorsais.

  5. Quando saem do seu habitat, esta espécie de psicomalandros arma, sem qualquer problema, células que segregam substâncias químicas venenosas, libertando de o ambiente à sua volta de qualquer ser vivo que se atravesse no seu caminho...

  6. Eventualmente, estes venenos conduzem à destruição do habitat, e de qualquer progenitor, próprio ou adoptivo, que lá se encontre, mas só quando este é incapaz de lhe fornecer o calor necessário à região dorsal.

  7. Durante o desenvolvimento, têm um alto grau de adaptabilidade a quaisquer outros habitats que frequentem.

  8. Possuem uma enorme capacidade de sedução superficial - Citando os melhores compêndios de psicologia à face da terra - as telenovelas mexicanas: "Ele é um sacana, mas eu gosto tanto dele!!!"

  9. Têm uma enorme capacidade de camuflagem. No restante Reino Animal, só o camaleão tem propriedades semelhantes.

  10. A personalidade destes psicomalandros quase sempre apresenta traços passivo-agressivos. Diz-se, no mundo da ciência que este fenómeno está em relação com os já falados níveis séricos de testosterona, mas os dados são inconclusivos...

  11. Possuem, ainda, uma ausência quase total de algo que se tornou uma desvantagem adaptativa da espécie humana - a ressonância afectiva.

  12. Por vezes, alguns exemplares deste tipo de psicomalandros apresenta algumas componentes delirantes de tonalidade quase messiânica, como é exemplificado a seguir...

Para ilustrar este tipo de psicomalandros, vou apresentar uma vinheta clínica, a exemplo de posts anteriores, com um caso clinico:


JAA, 52 anos, funcionário público.


De acordo com alguns colegas - que também sigo, (ouvidos, ainda que contra a ética e após a entrevista de JAA em entrevista separada), com quem reuniu, no contexto de uma reivindicação laboral, ter-lhes-á dito que o chefe os queria tramar [a eles], e que só com a intervenção dele é que isto não se verificou, porque "pôs o chefe a pensar"...


De acordo com o chefe, acusado de mobbing, durante a reunião, JAA aceitou pacificamente as sugestões que lhe foram feitas pelo superior hierarquico. Ter-lhe-á dito que os restantes trabalhadores se preparavam para lhe pôr um processo...


À observação, apresenta-se sintónico e cordial. Refere-me que ameaçou o chefe, durante a reunião, com os seus contactos no Ministério... Em relação aos outros trabalhadores, eles adoram-no e fazem tudo aquilo que ele diz... mas "é preciso ter cuidado com eles"...


Passados cinco anos sobre o caso, e depois de uma ausência forçada, reencontrei o processo, através de outro colega:


- O chefe tinha sido despedido;


- Os restantes trabalhadores queixavam-se de mais trabalho ainda;


- JAA tinha sido promovido e estava a preparar-se para se candidatar às eleições legislativas por um grande partido político...

Leitor amigo, um conselho para terminar:

Quando vir um destes exemplares da psicomalandrice em acção na sua empresa, não o provoque... é que ele tem uma probabilidade muito acentuada de ocupar uma posição de relevo na mesma...

Nota: a vinheta clinica é ficcional... (Percebe-se, não?!) Se por acaso achar que esta descrição se adequa a alguém que conhece, recorra ao serviço de urgência da sua área... e peça para lhe darem o medicamento mais forte que tiverem em stock...

terça-feira, 5 de maio de 2009

Crónica dos bons psicomalandros (2)

Hoje, vamos falar sobre reformas.
Não, não vamos ter uma dissertação de 500 paginas sobre o programa de nenhum Governo para a última gripe da moda, que mata centenas de vezes menos do que a mais modesta tuberculose mas tem direito a maior cobertura mediática, e até já foi, pela negativa, estrela de telenovelas...

Vamos falar mesmo sobre reformas...

O bom psicomalandro que se preze, que tenha menos de quatro tumores malignos em coabitação um pouco menos que pacífica no seu organismo e menos de 65 anos de idade não é, como é do conhecimento público, elegível para a reforma.
Assim, este blog dá umas dicas para quem se quer reformar usando a psicomalandrice.

  1. Abra o DSM-IV TR (ou versão mais recente que vier a ser entretanto publicada). Para quem não sabe, o DSM-IV TR é a bíblia da psiquiatria americana. Contém, num formato redutor q.b., com a consideração que os americanos sempre se habituaram a dar ao trabalho feito pelas pessoas do resto do mundo, a súmula dos diagnósticos psiquiátricos.
  2. Escolha uma doença (ou grupo de doenças) da sua predilecção.
  3. Decore os critérios, vírgula por vírgula, ponto por ponto, dessa doença. Sublinhe a marcador os termos que lhe parecerem mais esquisitos e veja num dicionário.
  4. Note que, como bom doente psiquiátrico americano de estudo, não deve ter aquilo que os médicos chamam comorbilidades - por exemplo, consumir álcool, drogas ou CD's do Toy. Não pode padecer de outras doenças, desde a gripe das aves até à rinite alérgica. Não deve ainda estar a fazer qualquer tipo de medicação, incluindo, se é mulher, o medicamento-que-faz-com-que-a-pessoa-vá-para-a-farra-e-evita-que-tenha-surpresas-ao-fim-de-nove-meses. (vulgo, pílula)
  5. Fale com o vizinho do lado, o padre, o ajudante de farmácia lá da terra, o tipo que encontra a sair de casa da sua vizinha quando o marido dela não está, a senhora que vende hortaliças lá na praça e o polícia sinaleiro, e diga-lhes que se quer matar. (este passo tem algo de comum com o tutorial anterior)
  6. Tente resistir ao genérico que o ajudante de farmácia lá da terra lhe quer vender, dizendo-lhe que até lhe trata as varizes. Afinal de contas você não se quer tratar. Quer é reformar-se.
  7. Fale com o médico de família. Recite-lhe a cantilena que aprendeu com o DSM-IV. Com sorte, ele referencia-o a um psiquiatra.
  8. Quando, ao fim de uns meses, chegar à consulta de triagem da psiquiatria, diga ao médico apenas os termos mais esquisitos, sem vírgulas nem pontos finais. Se tiver sorte, o clínico achará que está com uma perda de associações lógicas do pensamento, e, ou o interna num serviço de psiquiatria (veja o ponto seguinte) ou envia-o para a consulta de um qualquer interno do segundo ano de especialidade.
  9. Se for internado, saiu-lhe a sorte grande. É que o internamento conta para o curriculum...
  10. Uma vez na consulta, recite ao interno do segundo ano a referida cantilena. Não se preocupe se falhar algum ponto, porque não há psiquiatra que a saiba toda de trás para a frente.
  11. Se tiver alguma sorte, o interno da especialidade manda-o fazer uma data de exames. No mínimo, EEG e avaliação psicológica.
  12. Em relação à avaliação psicológica, sugerimos apenas que não responda coisas muito lineares... Basta "os seios da Sónia", se lhe mostrarem pranchas de Rorscharch.
  13. Se por acaso o diagnóstico do interno de psiquiatria não coincidir com aquele que leu, no DSM-IV, pergunte directamente ao interno de psiquiatria: "Soutor, o que é mais grave? Perturbação (a do DSM) ou aquela que está a dizer?"
  14. Leve o relatório que for feito a uma junta médica.
  15. Se a junta médica estiver de bom humor, está com sorte. Se não, chore copiosamente quando lhe disserem que não tem idade para ser reformado/a. Imite a dança das formigas assassinas em plenas instalações da junta e repita todos os passos.

sábado, 2 de maio de 2009

A minha consulta não é assim...



Digam lá que "estacione as ancas no assento" não é uma coisa bonita de dizer para se iniciar uma consulta... Tão romântico quase como o "Deite-se na marquesa e abra as pernas" dos ginecologistas...

domingo, 26 de abril de 2009

Crónica dos bons psicomalandros (1)

Psicomalandrice é a arte subtil de aproveitar a Psiquiatria do SNS para resolver os seus problemas e contrariedades.

A partir de hoje, este blog publicará, de forma muito sistemática, uma sequência de soluções para problemas muito concretos, utilizando a arte da psicomalandrice. Aprenda a levar a água ao seu moínho!



Problema: O marido/mulher zanga-se consigo e você não tem coragem para o/a enfrentar.

Solução:

  1. Quando apanhar o marido/mulher fora de casa, pegue numa caixa de aspirinas.
  2. Não tome muitas, só duas ou três, porque depois são comprimidos a mais e dá problemas de estômago.
  3. A seguir, apanhe um táxi e corra para as urgências de psiquiatria da área
  4. Diga ao médico da triagem que está a pensar em matar-se e que tomou duas caixas de toda a medicação lá de casa, incluíndo os xaropes para a tosse...
  5. Com sorte ele, alarmado, pede para lhe fazerem uma lavagem gástrica.
  6. Encontram lá as três aspirinas.
  7. O médico, ainda mais alarmado, pede a observação pela psiquiatria.
  8. Faça a cara mais de caso possível e diga a mesma coisa que disse há pouco ao psiquiatra, mas com olhos de cachorro abandonado.
  9. (Não diga ao psiquiatra que o seu marido é uma besta e que se está a pensar divorciar.)
  10. Se tiver sorte, o psiquiatra procede ao internamento. Se não tiver sorte, repita os passos anteriores num dia qualquer da semana seguinte, quando o marido estiver fora de casa...
  11. Chegado/a ao internamento, aproveite a vida. Por exemplo, marque cabeleireiro, pinte as unhas, diga aos enfermeiros/as que lhe doem as cruzes e peça para lhe fazerem massagens, dê umas "voltinhas" com outras pessoas na mesma situação...
  12. Quando a equipa do internamento descobrir a marosca, atire-se para o chão e faça de conta que é um defunto.. (variante: pode também, no chão, fazer de conta que se está a afogar, sem água...)
  13. 8 dias depois de ter alta, repita todos os passos anteriores.
  14. Quando a equipa de psiquiatria da área já conhecer todos os pormenores da sua vida de cor, mude de área de residência. Há um Portugal inteiro à sua espera!


terça-feira, 21 de abril de 2009

A pequena imperadora

Já não me lembro do nome dela. Sinceramente, varreu-se-me ao fim de um ano de labuta mais ou menos intensa...

Vamos chamar-lhe Sofia. Encontrei-a aquando pela passagem pela Pedopsiquiatria.

Fora internada compulsivamente. Tinha agredido a mãe, porque esta se recusara a comprar-lhe um computador novo.

O pai, coleccionador e vendedor de selos, vivia alheado de todo o mundo, entregue às suas colecções e à rigidez das suas regras, que de vez em quando vergavam a muito custo e sob solicitação da mãe.

A mãe, essa, tinha um ar sofrido. Em criança tinha deixado de brincar com brinquedos, por falta de dinheiro para os comprar. Prometera a si própria que a filha nunca haveria de passar por vicissitudes desse género.
Trabalhava que se desunhava para isso, e não conseguia resistir ao choro da criança, que em breve se transformou num coro de exigências, e depois em insultos, ameaças, fugas de casa e, depois, naquele episódio..
Por isso, comprava-lhe, desde tenra idade, quase contando os tostões para comer, tudo o que podia: peluches, bonecas, doces, salgados, jogos caros, roupas de marca, um computador... Às vezes, fazia-o à revelia do pai, que, após descoberto o erro, encolhia os ombros e voltava para os selos da sua predilecção.

Sofia, nos últimos meses, perante a anarquia grassante em casa no que toca a regras, vinha fazendo mais e mais exigências aos pais: uma torneira sensível à aproximação das mãos, roupas cada vez mais caras. Quando os pais lhe respondiam que não tinham dinheiro para satisfazer as suas exigências, os gritos de "Odeio-te!" e a choradeira multiplicavam-se em crescendo.

Até ao dia em que bateu na mãe.

Aí, os pais, pela primeira vez na vida de Sofia, procuraram ajuda em todo o lado, excepto para a dinâmica da família: foram à comissão de protecção de menores e ao tribunal de menores da área, que emitiu um mandado de condução à urgência, tendo em vista o seu internamento compulsivo. Aí, foi internada compulsivamente para esclarecimento.

Foi assim que ela me foi parar às mãos.
O primeiro contacto foi hostil: tratava-se de uma moça de catorze anos, ligeiramente obesa, que exigia querelantemente a alta imediata. Estava visivelmente assustada com a situação.

Convoquei a família para uma reunião, com a supervisão directa e próxima do meu tutor desse estágio. Na reunião, Sofia chorava e fazia exigências, enquanto que, discretamente, olhava para os pais pelo canto do olho, para ver a sua reacção. A mãe, sem perceber nada, enervada, quase que saiu da sala.
Tive que intervir. Mandei Sofia sair da sala, e fiz uma explicação detalhada sobre o facto de, desde criança, as pessoas aprenderem a manipular os outros, ainda que inconscientemente...

Depois de várias sessões com Sofia e com os pais, elaborou-se um plano de tratamento, quer psicofarmacológico, quer psicoterapêutico. Ouvidas as partes, definiu-se um contrato terapêutico, com regras explícitas no que toca às exigências dos pais e de Carolina e penalidades em caso de infracção às regras. Estabeleceu-se a indicação para seguimento por uma psicóloga da Comissão e uma pedopsiquiatra da consulta externa, com acompanhamento e revisão do contrato terapêutico.

Tudo em vão.

Passados um ou dois meses, a mãe de Sofia procurou os médicos do internamento. Multiplicavam-se as ameaças aos pais, no seguimento de uma quebra no cumprimento das regras.

Sofia quebrara o contrato.

Os médicos do internamento remeteram simpaticamente a mãe de Sofia para os respectivos chefes.

Entretanto, saí do estágio. Não sei mais o que se passou com Sofia.

Casos como este são cada vez mais nos corredores da Pedopsiquiatria, e, depois, da Psiquiatria de adultos.

O estágio de Pedopsiquiatria fez-me, sinceramente, deprimir: noto que é cada vez mais difícil ser pai.

Noto que a sociedade está cada vez mais exigente para com os pais, para com os professores, e ao mesmo tempo a criar situações de completa demissão de funções, para uns e para outros. Exige-se a uns e a outros aquilo que eles não podem fazer, em nome de quê?

Quais os resultados práticos disto? Será que não estamos (Sociedade) a criar uma multidão de pequenos imperadores, egocêntricos, obesos, consumistas, sem respeito pelos outros, capazes de tudo para obter afecto ou bens materias? Como fazer para inverter a situação?

Como educar os pais? Como ser um pai (ou mãe) "suficientemente bom", de acordo com as características da sociedade actual?

Alguém me consegue responder a isto?
(Ou será que eu preciso de pôr as gotas na sopa?)

quinta-feira, 26 de março de 2009

Jeremy

Hoje, dei de caras, na MTV, com uma das bandas da minha adolescência. É certo que a qualidade das músicas não é a mesma, mas há músicas que ficam para sempre...



Jeremy fala sobre um rapaz como qualquer outro, que foi transferido de escola secundária, num contexto de uma família problemática. Marcado pelo abandono da mãe e pela indiferença da pai e da sua companheira, Jeremy era um rapaz profundamente depressivo.
Esteve internado, e sujeito a tratamento psiquiátrico, mas de acordo com algumas fontes, quando o dinheiro do seguro acabou, foi dado como "curado" e transferido de escola.
Isto conduziu a um isolamento social cada vez maior, a juntar a um ostracismo dos colegas face a uma pessoa que desconheciam.
A revolta de Jeremy aconteceu quando cometeu o suicídio, de forma dramática e violenta, em plena sala de aula, com uma Magnum .347.
Assustadoramente, a história relatada é verídica...

sexta-feira, 20 de março de 2009

A próstata

Estava eu, outro dia, em casa da minha mãe quando tocou o telefone. Atendi-o.

(E o diálogo que se segue tem o seu quê de insólito...)

- Estou?
-Boa noite, primo.

-Olá, boa noite, prima. - tentei parecer o mais cordial possível, apesar de não reconhecer a voz. É que para quem não sabe, na terra da minha mãe, não chamar primo a uma pessoa que não se conhece de lado nenhum e que a única coisa que nos une é o facto de o trisa-tetra-avô ser primo em 5º grau, por afinidade do avô congénere dele, é considerado deselegante, quase sinal de má-educação...

-A sua mãe está, não está?(...) Não sabe quem é que fala?

- Pois, de facto não...

- É a prima Otília, mulher do falecido primo António Alberto...

- Ah, como está?! - tentei novamente parecer o mais cordial possível, disfarçando o facto de não fazer a mais pálida ideia de quem se tratava... - vou já passar à minha mãe.

- Mas escute - atacou a interlocutora - diga-me uma coisa: o meu Zé Manel fez um exame à prostata e diz que a próstata pesa 32 gramas... Acha que ele a deve tirar ou não?

- Pois, eu não tenho dados suficientes para responder a isso... - disse eu, mal disfarçando a surpresa - que idade tem o seu filho?

- Tem 53 anos.

- De facto não tenho dados suficientes nem sou especialista. Mas a prostata aumentada é normal em todos os homens a partir de uma certa idade... é melhor consultar um especialista... [ainda pensei em dizer o clássico "eu não sou de cá, eu só vim ver a bola. Sei onde é a cabana dos coiratos e a casa de banho...", mas contive-me...]

-Mas sabe onde há bons especialistas na próstata? Ouvi falar no Hospital da Luz, que é onde estão todos os especialistas bons em Portugal! É que se ele tiver que ser operado, quero que seja no Hospital da Luz, porque houve uma moça da minha terra que teve lá um filho e foi muito bem atendida!

- Especialistas bons há em muitos sítios... (...) Mas eu vou passar à minha mãe, está bem?

Depois do adeus da praxe, a minha mãe lá lhe explicou, pacientemente, durante cerca de 1 hora, que os hospitais privados normalmente fazem-se pagar bem, e que não era por a prostata pesar uns gramas a mais que seria logo operado.

Deste episódio tenho dois ou três pedidos de desculpa a fazer à minha família:

  1. Desculpem-me o facto de eu, talvez, numa atitude de indisciplina inconsequente, ter faltado à aula em que falavam sobre o peso do órgão, e não saber de cor o peso das próstatas alheias.
  2. Desculpem-me o facto de, só com esse dado, não ter conseguido dizer qual a manobra terapêutica necessária - uma prostatectomia radical, uma castração química, ou um tratamento psiquiátrico à mãe do futuro (ou ex-futuro, se o conseguirmos salvar a tempo) prostatectomizado...
  3. Desculpem-me o facto de não conseguir tomar essas decisões de ânimo leve. Tivesse eu coragem e a primeira coisa que faria depois do pequeno almoço seria prostatectomizar alguém... Mas não tenho. A única coisa do género que tenho umas luzes, não tão ténues quanto isso, de como se faz (mas que, aliás, é tremendamente eficaz...) é electroconvulsivoterapia... E essa não é uma decisão que se tome de ânimo leve, apesar de os riscos serem pequenos face ao benefício...


sábado, 7 de março de 2009

Nas urgências - a gravidez

Confesso - até nem desgosto de fazer urgências. Não fossem as noites quase em claro, o volume intenso de trabalho, o gabinete sem condições e o jogo-do-empurra e as sabujices, praticadas por certos colegas de outras especialidades, que vêm a psiquiatria como saída para os casos sociais e para as situações, que apesar do seu foro, não querem assumir, até poderia dizer que gosto mesmo de as fazer.

Há situações que, desde que tenha o devido tempo para tal, me põem a pensar...

O telefone do meu gabinete tocou. Pedi desculpa à doente que estava a atender. Era uma médica de outro hospital que, por não ter urgência de psiquiatria, é cliente habitual do hospital onde presto esse serviço, no que toca a transferências de doentes para observação por psiquiatras.

Identificou-se.

- Colega, tenho aqui um caso que não sei como hei-de dar volta. Uma senhora que está com uma crise de ansiedade, porque descobriu que está grávida de 5 semanas, e o médico assistente suspendeu-lhe a medicação antidepressiva que fazia há muitos anos.

Acabámos por combinar que a colega me enviasse a doente para eu a observar.

(Se, muitas vezes, nos enviam os doentes sem o mínimo de indicação para ser observadas na urgência de psiquiatria, porque não enviar-me a senhora, dada a situação da gravidez?)


Quando a senhora veio, não vinha sozinha. Vinha com mais uma doente.
Recolhi as fichas que o maqueiro da ambulância me estendia e perguntei, sorrindo:
- Quem é que quer ser a primeira?
- Quero eu! - disse-me logo uma doente, sorridente, com o ar, diga-se de passagem, deprimidissimo, de quem acabou de ingerir medicamentos após uma discussão com o marido. (que era o que, de facto, se tinha passado...)
- Qual das senhoras é que está grávida? - se até nos autocarros as grávidas têm prioridade, porque não naquela situação?
- Ah, isso não! - respondeu-me a senhora sorridente.
Mandei entrar então a outra senhora.

Estava a fazer antidepressivos desde a morte de um filho, aos 8 anos de idade. Desde aí, tinha começado com crises de ansiedade súbitas, sem objecto (crises de pânico), acompanhadas de tristeza, ansiedade, perda do prazer naquilo que fazia.


(Já agora, o vídeo é sobre perturbação de pânico, e está excelente...)

Tentou, por várias vezes, sob orientação médica, parar lentamente com a medicação.
Não conseguiu. Os sintomas da doença voltavam ao fim de algum tempo. A perturbação de pânico tinha-se tornado crónica.

Quando descobriu, com alguma surpresa, mas com satisfação, que estava grávida, foi ter com a médica psiquiatra assistente. Dado que a senhora estava medicada com paroxetina, um fármaco que tem sido associado a malformações cardíacas no feto, nalguns relatos de caso.

A médica, alarmada, sugeriu a interrupção imediata da medicação.

Quando se interrompe certos antidepressivos (uns mais que outros)´de forma abrupta, surge um conjunto de sintomas que nós chamamos, no nosso "mediquês", de ansiedade de rebound.
Não é mais do que uma crise de ansiedade, que pode ou não ter sintomas associados à ansiedade como as dores de cabeça, o nó na garganta, as mãos a bater...

Foi este o caso, e daí a vinda da senhora à urgência.

Como já estava mais calma (tinha-lhe sido administrado um ansiolítico no outro hospital), expliquei-lhe o que havia de evidência em relação ao uso de antidepressivos (neste caso, os damesma classe do Prozac), na gravidez. Em grávidas não há estudos controlados sobre o facto, mas, em relação a alguns antidepressivos desta classe, não se provou que fizessem mal ao feto (mas também não se provou que fossem inócuos).

Ofereci-me, ainda, para a medicar com o fármaco que, nestas condições, se revelou, pela experiência, ser mais seguro (sertralina).

Contudo, remeti essa decisão para a utente em causa.

No fim da minha explicação, a senhora perguntou-me:
-Doutor, mas garante-me a 100% que o medicamento não faz mal ao bebé?
-Não, não garanto a 100%. Mas a experiência clínica é favorável!
Foi então que a resposta me espantou, apesar de, na minha especialidade, se poder esperar tudo...
-Assim, prefiro tirar o bebé, que Deus me perdoe... Se não é possível garantir que o medicamento não lhe faça mal... Eu não quero fazer medicação estando grávida, mas também não consigo estar assim...

Apesar de reconhecer e apoiar a capacidade da mãe para decidir nesse caso, contra-argumentei, perguntando-lhe se tinha a certeza daquilo que queria fazer, e que tal decisão não poderia ser tomada de forma leviana. Recomendei também que falasse com o pai da criança.

-A decisão está tomada. Eu quando tomo uma decisão vou até ao fim.

Perante isto, encaminhei-a de volta para o hospital de origem, para que este o referenciasse ao serviço de Obstetricia da área.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Mantém-te firme...


Daqui a 20 anos, se me perguntarem o que é a depressão, mando ouvir esta música...

Não me resta nada, sinto não ter forças para lutar
É como morrer de sede no meio do mar e afogar
Sinto-me isolado com tanta gente à minha volta
Vocês não ouvem o grito da minha revolta
Choro a rir, isto é mais forte do que pensei
Por dentro sou um mendigo que aparenta ser um rei
Não sei do que fujo, a esperança pouca me resta
É triste ser tão novo e já achar que a vida não presta
As pernas tremem, o tempo passa, sinto cansaço
O vento sopra, ao espelho vejo o fracasso
O dia amanhece, algo me diz para ter cuidado
Vagueio sem destino nem sei se estou acordado
O sorriso escasseia, hoje a tristeza é rainha
Não sei se a alma existe mas sei que alguém feriu a minha
Às vezes penso se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Não há dia que não pergunte a Deus porque nasci
Eu não pedi, alguém me diga o que faço aqui
Se dependesse de mim teria ficado onde estava
Onde não pensava, não existia e não chorava
Sou prisioneiro de mim próprio, o meu pior inimigo
Às vezes penso que passo tempo demais comigo
Olho para os lados, não vejo ninguém para me ajudar
Um ombro para me apoiar, um sorriso para me animar
Quem sou eu? Para onde vou? De onde vim?
Alguém me diga porque me sinto assim
Sinto que a culpa é minha mas não sei bem porquê
Sinto lágrimas nos meus olhos mas ninguém as vê
Estou farto de mim, farto daquilo que sou, farto daquilo que penso
Mostrem-me a saída deste abismo imenso
Pergunto-me se algum dia serei feliz
Enquanto oiço uma voz dentro de mim que me diz…

Chorei
Mas não sei se alguém me ouviu
Enão sei se quem me viu
Sabe a dor que em mim carrego e a angústia que se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo

Busquei
Nas palavras o conforto
Dancei no silêncio morto
E o escuro revelou que em mim a Luz se esconde
Vou ser forte e vou-me erguer
E ter coragem de querer
Não ceder, nem desistir eu prometo


A fusão entre os dois estilos está excelente...
Comentários musicais à parte, se algum dia vos parecer que não há nenhuma luz ao fundo do túnel perguntem-se a vocês próprios se não se esqueceram de tirar os óculos escuros...
(Porque a depressão tem tratamento...)